Qual é o papel da radiologia intervencionista na urologia?

Que a Radiologia Intervencionista “interage” de maneira eficaz com as mais diversas especialidades médicas, isso você já sabe. Mas, a Urologia seria uma dessas áreas contempladas?  Com certeza! Muitas doenças urológicas que anteriormente eram tratadas somente por meio de cirurgias tradicionais, já podem ser manejadas por meio de técnicas minimamente invasivas guiadas por imagem. As vantagens vão desde a redução do tempo de internação à utilização apenas de anestesia local ou sedação consciente.  

Na prática, isso significa que os avanços das técnicas de imagem, especialmente nas últimas duas décadas, promoveram uma representativa mudança de paradigma no campo das intervenções guiadas por imagens, também dentro da Urologia.

Por que utilizar técnicas da Radiologia Intervencionista na Urologia?

As aplicações das intervenções guiadas por imagem em várias condições abdominais (especialmente as urológicas) levadas à frente por Radiologistas Intervencionistas vêm crescendo de forma substancial, por alguns motivos: natureza minimamente invasiva; menor morbidade relacionada ao procedimento e tempo de internação reduzido.   

Além disso, cabe lembrar que as técnicas de Radiologia Intervencionista continuam a desempenhar papel importante nos procedimentos de drenagem, no manejo da urolitíase, dilatação do sistema pielocalicinal, ablação tumoral e doenças renovasculares. Para tal, múltiplas modalidades de imagem são empregadas, sendo a fluoroscopia, a ultrassonografia, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a angiografia com subtração digital as principais.

Mas, para que as vantagens se dêem em maior grau para o paciente, é fundamental que haja uma forte colaboração multidisciplinar entre urologistas, nefrologistas e radiologistas intervencionistas.

Interrupção do fluxo normal da urina

Uma das mais frequentes causas de insuficiência renal aguda e crônica, a interrupção do fluxo normal de urina requer procedimentos que restaurem o curso urinário fisiológico. A drenagem das vias urinárias pode ser realizada por uma série de técnicas e dispositivos, entre elas a inserção percutânea retrógrada ou anterógrada do cateter duplo J, a nefrostomia percutânea e, mais recentemente, a utilização de próteses ureterais.

A inserção de um cateter duplo J restaura a drenagem urinária fisiológica sem necessidade de um cateter externo, caracterizando grande vantagem para o paciente e apresentando elevadíssima taxa de sucesso.

Tratamento de tumores

A ablação percutânea guiada por imagem é cada vez mais aceita para o tratamento de tumores benignos e malignos de múltiplos órgãos, principalmente em pacientes com risco cirúrgico elevado. Estão disponíveis inúmeras modalidades de ablação térmica e não térmica, incluindo ablação por radiofrequência, ablação por micro-ondas, crioablação, ultrassonografia focalizada de alta intensidade, ablação por laser, eletroporação irreversível, ablação química (com etanol e ácido acético) e braquiterapia. Muitas destas tecnologias já se encontram disponíveis no Brasil.

Tumores da próstata e da bexiga
. Pacientes portadores dessa doença frequentemente apresentam hematúrias. Nesses casos, a embolização seletiva é segura e deve ser considerada como o tratamento a ser seguido, uma vez que, pode evitar a necessidade de cirurgia de emergência em pacientes gravemente doentes.

Embolizações vasculares
A embolização vem se mostrando uma excelente forma de tratamento em pacientes que reclamam de lombalgia e infertilidade (e que apresentam varicocele). A abordagem é realizada por via jugular ou femoral.  Após a angiografia diagnóstica, as veias são embolizadas. Os resultados clínicos da embolização da veia espermática interna percutânea são bastante semelhantes aos do tratamento cirúrgico.

No caso do priapismo, que é uma doença que provoca ereção peniana prolongada e dolorosa, a embolização seletiva da fístula arteriocavernosa com agentes absorvíveis ou não absorvíveis mostra-se eficaz, com melhores resultados em relação à ligadura cirúrgica, além de uma menor taxa de complicações.

Pacientes com hiperplasia prostática, o famoso “aumento da próstata”, beneficiam-se da embolização das artérias prostáticas ao melhorar os sintomas de dificuldade urinária, postergar ou mesmo substituir a necessidade de cirurgias mais agressivas e promover a retirada das medicações de uso contínuo (junto com a resolução de seus efeitos coleterais).

A prática urológica contemporânea e a Radiologia Intervencionista

A verdade é que mais do que em qualquer outro momento, os procedimentos da Radiologia Intervencionista guiados por imagem fazem parte da prática urológica atual. Estratégias de tratamento minimamente invasivas são contempladas, e na maioria das vezes com pequena morbidade relacionada aos procedimentos. A expectativa é que nos próximos anos haja uma expansão ainda maior, com novas aplicações e técnicas de imagem.

Por isso, é absolutamente fundamental que urologistas, nefrologistas, oncologistas e geriatras se familiarizem com os potenciais procedimentos que podem ser realizados, para que cada vez mais pacientes que são acompanhados por eles, possam ser beneficiados.

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