Tratamento de síndrome da veia cava superior
AUTORES
Bruna De Fina, Rafael Noronha Cavalcante,
Breno Boueri Affonso, Francisco Leonardo Galastri,
Fabiellen Berzoini Travassos, Felipe Nasser.
Hospital Israelita Albert Einstein, Setor de Radiologia Vascular Intervencionista
RELATO DE CASO
Paciente de 31 anos, sexo masculino, admitido com quadro de SVCS, apresentando edema de cabeça e pescoço, pletora venosa e dispnéia. Realizou cavografia superior que evidenciou estenose suboclusiva entre a veia cava superior e o átrio direito.
Devido à proximidade entre a estenose e o átrio, foi utilizado ecocardiograma transesofágico (ETE) para melhor definição anatômica da estenose e orientar o posicionamento adequado do stent. O ETE demostrou presença de compressão distal da VCS e do átrio direito pelo tumor, além de área estenótica grave localizada um centímetro acima da junção átrio-caval.
Sob orientação fluoroscópica e ecocardiográfica, um stent auto-expansível de nitinol (16×60 mm) foi implantado na VCS, com sua extremidade inferior cerca de meio centímetro abaixo da junção átrio-caval, seguida de pós-dilatação com balão 16×40 mm e angiografia, que demonstrou bom resultado final.
Os sintomas do paciente melhoraram substancialmente durante as primeiras 24 horas. Durante o seguimento de sete meses, o paciente encontrava-se assintomático e a perviedade do stent confirmada por tomografia computadorizada.
DISCUSSÃO
O tratamento endovascular da SVCS maligna, com implante de stent era inicialmente realizado em pacientes que não respondiam ao tratamento conservador ou que apresentavam sintomas recorrentes. Na última década, entretanto, alguns autores recomendam essa modalidade como tratamento de primeira escolha, pois permite melhora imediata dos sintomas e não interfere no tratamento do tumor.
Em casos de estenose proximal de veia cava superior, deve-se evitar o implante da borda inferior do stent no átrio direito ou abaixo da reflexão pericárdica, minimizando assim os riscos de arritmia ou tamponamento cardíaco.
Na prática, a determinação exata destes limites é difícil de ser feita durante uma angiografia, enquanto o ETE é um método de imagem capaz de fornecer a determinação precisa da estenose, junção cavo-atrial e da reflexão do pericárdio.
Neste caso, o ecocardiograma foi muito útil auxiliando na determinação do diâmetro da veia cava e orientando a melhor posição para se liberar o stent, com pouca protrusão para o átrio.
Acreditamos que o ecocardiograma transesofágico pode ser uma ferramenta útil para o implante de stent em veia cava superior em pacientes selecionados com estenose venosa próximo da junção átrio-cava.
REFERÊNCIAS
1. Bierdrager E, Lampmann LE, Lohle PN, Schoemaker CM, Schijen JH, Palmen FM, et al. Endovascular stenting in neoplastic superior vena cava syndrome prior to chemotherapy or radiotherapy. Neth J Med. 2005;63:20-3.
2. Lanciego C, Chacón JL, Julián A, Andrade J, López L, Martínez B, et al. Stenting as first option for endovascular treatment of malignant superior vena cava syndrome. AJR Am J Roentgenol. 2001;177:585-93.
3. Halkic N, Henchoz L, Gintzburger D, Nordback P, Ksontini R, Boumghar M. Superior vena cava syndrome caused by invasive epidermoid carcinoma. J Cardiovasc Surg. 2000;41:499-501.
4. Lanciego C, Pangua C, Chacón JI, Velasco J, Cuena R, Viana A, et al. Endovascular stenting as the first step in the overall management of malignant superior vena cava syndrome. AJR Am J Roentgenol. 2009;193:549-58.
5. Pinto A, González M. Síndrome de vena cava superior. Med Clin (Barc). 2009;132:195-9.




